Quem nasceu em Santos ou na cidade de Guarujá sempre conviveu com os rumores sobre a ligação seca entre os dois municípios. Contudo, o tempo foi passando e em pleno 2022 ainda não foi dado o primeiro passo para a construção da obra.
Entretanto, o assunto ganhou ainda mais visibilidade nos últimos meses, com a discussão da construção de uma ponte que ligaria a Área Continental de Santos com a ilha, na região da Alemoa e um túnel submerso que pretende unir os municípios de Santos e Guarujá. O debate parece ganhar um capítulo novo a cada semana. Assim, a discussão saiu da parte logística e foi para a política,
Vale destacar que o Governo Federal é favorável ao túnel, enquanto o Governo do Estado de São Paulo quer a ponte. Já os prefeitos de Guarujá Válter Suman (PSDB) e de Santos Rogério Santos (PSDB) defendem os dois projetos.
Em entrevista ao Jornal/Enfoque Manha de Notícias da última quinta-feira (3), Rogério Santos destacou que as duas obras têm objetivos distintos. “O túnel tem um caráter de mobilidade metropolitana. A ponte ligará Santos ilha ao continente e irá facilitar a vida das pessoas que moram na área continental, além da própria expansão futura do Porto”, salientou.
Ele, no entanto, se coloca contrário à circulação de caminhões pelo futuro túnel, como previsto no projeto original.
Túnel
A construção do túnel está incluída no projeto de desestatização do Porto de Santos que tem previsão para ocorrer ainda neste ano, porém os especialistas e políticos acreditam que as eleições devam atrapalhar o processo. Vale destacar que o orçamento para o túnel chega a R$ 3 bilhões, com recursos decorrentes da desestatização da operação portuária hoje nas mãos da SPA (ex-Codesp).
No dia 18, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, estarão no no 1º Fórum Vou de Túnel de Mobilidade Urbana em Santos.
O seminário tem como objetivo apresentar a modelagem da atualização da ligação seca entre Santos e Guarujá. O evento terá palestras e mesas redondas. O porta voz da Campanha Vou de Túnel, engenheiro e ex-presidente da SPA (ex-Codesp), Casemiro Tércio destacou que o túnel imerso é a alternativa mais viável para a ligação seca e a única que atende tanto a demanda da população com o avanço da mobilidade urbana na região, quanto do Porto de Santos, com o fomento a novos negócios.
Ponte
Já a ponte é defendida pelo Governo de São Paulo. No início de fevereiro, o governador João Doria (PSDB) informou que o Estado irá ingressar com uma ação judicial para a implantação da obra da ponte até o final de março se não tiver o aval do Governo Federal. A ponte tem um orçamento de R$ 3,9 bilhões, oriundos da iniciativa privada. Um dos pontos de discussão da ponte é a questão do impacto no Porto de Santos em relação a navegação das embarcações.
Conforme o Governo de São Paulo, o projeto foi atestado pelo Laboratório de Engenharia Naval da USP e pelo Comando da Aeronáutica, que garantiram não haver prejuízos às operações do porto de Santos e do aeroporto de Guarujá. A ponte reduzirá o percurso de 45 km para menos de 20 km, sendo que o tempo de viagem passará de 1 hora para apenas 20 minutos; beneficiando o escoamento das cargas e a população de Santos e litoral norte. A obra tem prazo previsto de 36 meses e deve gerar cerca de 4 mil empregos diretos e indiretos.
Santos Port Authority
Um dos temas mais debatidos em relação a ligação seca entre Santos e Guarujá está na questão do Porto que é de extrema importância não só para os municípios, mas para todo o País.
O presidente da Santos Port Authority, Fernando Biral, defende a construção do túnel. “Ele é uma opção que vai propiciar, na nossa visão, uma melhoria na mobilidade urbana, principalmente na questão da localização do túnel, que é mais adequada do que a ponte. Nós vamos ter uma saída perto da autoridade portuária e ir direto ao Guarujá, incluindo o projeto do VLT”, destacou o presidente, em entrevista ao Jornal Enfoque/Manhã de Notícias. Contudo, ele ressaltou que o túnel não traz impacto relevante para o Porto de Santos.